segunda-feira, 27 de julho de 2015

vento, raio e se foi.

O vento hoje me disse que não se pode dançar em dia de chuva, que o raio é o único permitido nesse ballet. mas é que na verdade as palavras que foram ditas por ele, já se perderam nos trovões surdos da tempestade. 
Estar livre do vento é como desvendar o corpo para o que se pode e não se deve fazer, é arrepiar a alma ao olhar o abismo de perto, é estrangular o ar pra ver o sol raiar, é desbravar o que já conheço só pra me embriagar em nostalgia, ter saudade do que não aconteceu e respirar nu de olhos abertos dançando como se dança e  se deve dançar, seja silencio ou bera.
Ser liberto é poder me pintar de amarelo e me melar na lama depois da chuva. Ser da tribo na nossa floresta de concreto é gritar na Imperatriz e não ligar para as gargalhadas da Boa Vista, é passear na Rua da Lama e jogar bola no Carneirinho, sujar o pé, ralar os dedos e perder a unha! Isso é desobedecer o vento, roubar a cena do raio e dançar... só dançar nos restos do amanhã que, piscou, já se foi.

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