segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

florista de escombros.

Tem momento, sabe? momentos certos que acabam florescendo no arco podre daquela catedral de insegurança que se carrega no escuro do peito . Corredores completos de corações em pedaços, sangrando calado sem um pingo de som, a agonia do rejunto se afoga em glóbulos e plaquetas. invocando num, macabro, ritual aquele imenso monólito, feito de saudade e calcário riscado... todo talhado com os nomes das paixões, dos desejos... e em itálico os nossos nomes... o meu, o teu e os delas.
Vai nascendo em pequenos bordões aquele velho frevo canção que trilha os passos secos... que param em vícios e borbulhas na entrada do pulmão, fazendo meu firmamento se refazer no céu da tua boca. E do corpo que clama ao fardo de não ter a lembrança do que não aconteceu... os desdobramentos cíclicos de ser perguntar: "porque é que se doí tanto, não ter vivido aquilo que não se deveria querer viver". é o que se já tem no peito é a regra, é caminho certo no desconhecido breu de viver solto e preso ao mesmo tempo. gritar o sussurro de pedir,é jogar ao porcos as melhores perolas que você poderia ter e se já tem porque jogar aos porcos vazios e sorridentes? chafurdar na lama, meu caro... é se jogar do alto de uma montanha em um copo cheio de nada, morrer aos poucos, morrer sorrindo... sujo de lama, sangue e suor... é o destino seco daquele nostálgico arquiteto florista que ergue as flores em escombros vitorianos, criando das lagrimas os mais belos cravos, dos corpos que ali gritaram... as mais belas rosas. dos que casaram os mais tristes lírios e os que partiram fica-se o verão.
A força de ficar, é retornar o tormento e ressuscitar litro por litro a baleia que um dia se chamou óleo e queimou os  beijos molhados dos amentes proibidos.  que fez-se luz, rejunto... poesia. e é de lá que brota, que deveria brotar... das catedrais untadas, das catedrais caídas, dos escombros que floresço calado e sem cor.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Pequena morte em francês

Depois de ter relido o suprassumo do que já vai acontecer amanhã no jornal de ontem, vou viajando na  própria agonia de reinstalar os dados que já foram jogados. A sorte, que foi lançada sobre a mesa me diz a direção que não deveria nem pensar em seguir ,mas por motivos biviários de plenitude interior o primeiro passo é dado! logo para o ermo lugar... aquele mesmo lugar que não deveria ir.
 É sem pé nem cabeça o passo dado, e já preso num transe de volts platinados de medo e azar, vai-me apalpando o cheiro bom de tentativa.Pode me queimar a carne ,mas eu não vou ficar!  Parte-me o osso, mas aqui -meu caro- não vou ficar. Não se pode resistir a seus sonhos, não se deve lutar contra aquilo que te move. é como parar o ar de pensamento do primeiro pulmão que puxa respirar. É tão inalcançável parar de querer que me lembra aquele velho escafandro dormindo nas Marianas, como aquele capacete repousando no lado escuro da lua Hollywoodiana... não vou parar! até que me reste só a lembrança e o exemplo.  não é parado que se encontrar aquilo que só está a um passo de distancia, pois não é de jogo e sim da vida que estou falando, o tempo encravado nos meandros de viver é doce no final, o algoz que mostra a cara no fechar dos olhos na verdade sempre quis o abraço e a compreensão que o mais imperfeito insatisfeito jogral é igual a cabaça que acaba de cair da arvore. Precisa se  abir, precisa esvaziar e quem sabe se encher do que te cerca,  até do lado esquerdo do ombro, quem sabe?
E o passo preso envolvido pela penumbra da carne aberta, se rejeita a ir... então o osso seco, o osso molhado, o osso todo enrolado de vontades vai se erguendo e esgueirando a carne! Dando o passo já sem mim, abraçando o sem os braços o que estava a esperar no outro passo. Chegando lá se vê que o que estava lá chama aquilo está por vim... o outro passo.
De pedaço em pedaço vou montando os sonhos com restos de mim mesmo. completando os vazios com vitorias e pequenas mortes francesas.