domingo, 13 de março de 2016

fiz-me.

Fiz-me. Ao encostar minha cabeça na parede da tua antiga casa, várias gerações de porquês vem me perguntar o porquê. Eu mesmo que parti...
Meu amor, eu não me esqueci das horas simples e segundos complicados que vivemos. Parece até que a cidade tatuou em sua atmosfera o teu perfume cor de flor. Sinto na retina o teu sabor suave e com a pele; não minto: consigo sentir o teu gosto amargo... Quase morto, quando sussurrei àquelas palavras, àquelas promessas cruéis, dizendo que o problema era meu e não seu... E, na verdade, não tinha problema, a solução que se negava a acontecer! Eu, que defendi com unhas e dentes a unidade de ser, quis pôr todo o meu coração... amalgamar meu corpo com o teu; ponto de fusão que nunca conseguimos alcançar. Sempre a meia vida, sem calor e só na mente, o platonismo nojento alimentava como um tratador dá a ração a meu selvagem amor aprisionado sem luz e vontade. Fiz-me um com teus muros, fiz-me um com teu cheiro, fiz-me um em sorrisos e passos largos na boa vista, o cheiro que, um dia tatuado, caiu em minha pela como uma chuva de verão transborda a mim com as rimas de reticências e nessa crônicas que é viver debaixo do mesmo céu que você caminhando sem pé nem cabeça.
Só resta jogar-se no Capibaribe e rezar pra que o camurim lave a pele e te cure da lama, do suor e da tua velha falta de amor.

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